quarta-feira, 30 de junho de 2010

Meus Adornos

Empoçada de sonhos trilho o meu caminho
misto de desejos sempre mistos,
eles permanecem mudos entre-muros
e juntos em um esguio corpo escuro.

Acima dos sonhos está a imperfeição
das vontades, as palavras não arquitetadas,
o ar ocupando o lugar da respiração
de um corpo cheio dor, uivando para o nada.

Envolta na bruma, cheia de girassóis
liberto minha consciência onírica.
Ela brinca de fadas, duentes e gnomos
de uma insuportável maneira lírica.

-O que procuras menina? Disse-me o pavão.
-Girassol!
-Para que se não possui nem um sol?


...E então, perco-me de mim pelo absurdo.
É um ambiguo deleite para a alma.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Canto Agudo

Não há culpados, como não há nós
os nossos nós foram dasatados.
Sem dúvidas, seguirei sem fazer alarde
dando adeus ao mais-que-perfeito
e com a certeza que já fui tarde.
Lembrarei docemente dos sortilégios
mas eles não trarão arrependimento,
nem saudade.

Tenho o privilégio de reconhecer
que não foi falso,
nem pequeno,
foi um viver.

Momento IV

Deverias ter me detido,
apenas por um instante.
O que resta será pontilhado
de poesia e não mais será feito
o gozo teu.
Petrificada, restauro o pudor.

A sua carne, não causa mais medo
desvendamos todos os segredos
enquanto bebias o meu leite,
afagamos a ira vasta e inflexível
com a solidão,
nesse descaminho doloroso e fastio,
onde mostra-se cada vez mais hostil.

Sonharei com laços de pedras, elfos,
e suas patas quebradas...
Tudo isso, enquanto pinto de preto
o seu quadro perdido.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Momento III

É bom que se perca, que não venhas,
não quero ouvir o som dos ventos
nem carregar suposições no peito.
Nunca mais sorverei o sumo da sua fonte,
derreti os pilares da nossa ponte.
O sentimento se desfez com sua ausência,
seu corpo não se moverá mais junto ao meu.
Por mais que eu esteja suplicante,
findou o som dos nossos passos e
abrimos o peito para a disritimia.

Disse a minha estrela, que sou protetora
de todas as minhas ardências
e transformarei tudo em cintilância,
até os prazeres, o seu cheiro laborioso
controlando a minha ânsia,
comendo todos os seus últimos rastros.

Apenas resíduos,
estes,
findarão à luz do amanhecer.