terça-feira, 29 de setembro de 2009

Em dois tempos...

Parte I

Antes...antes houvesse a abdicação
Dos meus sentimentos, do imenso nó
Que trago com a sua falsa alegação
De que só nada faz quando parte só

Me trai com seus vícios na madrugada
Enquanto vejo seu outro lado vicejar
Sinto rolar pela face a gota salgada
Afogando-me agustiada no meu penar

O pássaro da solidão mostra que gastas
O que tem de mais puro e suas pecúnias
Mas quando retornas, encho-me de graça
E tomo-o para o meu leito, sem injúrias


Parte II

Depois...depois houvesse uma revolução
Penetraria como gancho na tua essência
E arrancaria o seu vício com mansidão
E se necessário, comeria sua carência

Cuspiria o que o entorpece nas catedrais
Chamaria os Querubins, Serafins e afins
Contaria com os búzios,cartas e os meus ás
Até que nada mais, nada o furtasse de mim

Adormeceria com olhos fechados para razão
Sabendo que irá o nosso amor fenecer
E esperarei pela aurora do próximo verão
Já que nesse a boêmia não soube padecer

sábado, 26 de setembro de 2009

Quero um samba...

O samba tocou, a sentença foi dada
Está condenado a cantar tudo com veracidade
Cantar seus sentimentos, seus desejos
Cantar suas ambições e suas vaidades

Abra a porta, venha para o meu laço
Mastigue, engula, cuspa, grite
Envolva-me com ternura em seu compasso
E sussurre o seu mais devasso palpite

Vamos ouvir o som dos nossos anseios
E faremos uma música ao luar
Com os seus dedos dedilhando os meus seios

Ao amanhecer, saia e não me incomode
Encontre-me no próximo carnaval
Para criarmos mais um acorde.