domingo, 15 de fevereiro de 2009

Ah...Doce Solidão.

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: “Digam o que disserem, o mal do século é a solidão” (já citei essa frase em uma crônica antiga, mas ela sempre volta)! Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas e saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos. Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos “personal dance”, incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvída?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances sexuais dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão “apenas” dormirem abraçados, sabe essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção.

Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a “sentir”, só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

Quem duvída do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos ORKUT, o número que comunidades como: “Quero um amor pra vida toda!” “Eu sou pra casar!” até a desesperançada “Nasci pra ser sozinho!” Unindo milhares ou melhor milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa.

Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega. Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, “pague mico”, saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso à dois. Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele.
Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida.
Antes idiota que infeliz!

Arnaldo Jabor

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Escuridão...

O que sobrou desse nosso desencontro?

Uma estrada longa pra nenhum lugar

Um poema, uma crônica talvez um conto

E minha alma que está rogar

Disposta a perdoar sua falta de saldo

É minha sina por você espreitar

Foi tudo escrito à toa

É uma frágil saudade.


A lembrança voa...

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Para Nicolle





"Com o nome paciência vai a minha embarção

Pendulando como o tempo

E tendo igual destinação

Pra quem anda na barcaça

Tudo, tudo passa

Só o TEMPO não."



Um dia terei amizade com esse tal de "Tempo" e deixa estar...Direi a ele tudo o que está entalado na minha garganta e sufocando-me! Ele ficará ciente do quanto tempo levei para encontrar-me com o tal de "Tempo"...Ah! Quando esse dia chegar, com um belo sorriso e paz no coração eu o colocarei de castigo e o farei refletir sobre toda saudade desmedida que esse in(FELIZ) causou-me. O pior de tudo, é que ele é tão ousado, que mal me deixa respirar e justifica-se, dizendo que é para esperar por ele... pelo tempo do Sr. Tempo. Esse Sr. Tempo definitavemente é muito in(CERTO), im(POSSÍVEL) confiar nele!

Poisintão...Já cansei! Por que damos bola pra essa tão pouca titica de TEMPO heim?!


Não sei se trata-se de uma acirrada corrida, mas com convicção afirmo que Tempo Meu acelerou-se e passou na frente do Sr. Tempo.
Será que aqui estou eu, novamente além do meu tempo? Quero desacelerar-me e encontrá-la no NOSSO TEMPO.

Enfim, só sei que esse tal de Sr. Tempo está segurando-a e deixando-a por mais tempo longe de mim, do Tempo Meu.



TE AMO em todos os TEMPOS, mas a quero junto de mim no Tempo Nosso!




Com muita saudade, açúcar e afeto,

Sua Irmã.

Quero o meu terceiro, dá licença?!




"O primeiro me chegou como quem vem do florista
Trouxe um bicho de pelúcia, trouxe um broche de ametista
Me contou suas viagens e as vantagens que ele tinha
Me mostrou o seu relógio, me chamava de rainha
Me encontrou tão desarmada que tocou meu coração
Mas não me negava nada, e, assustada, eu disse não

O segundo me chegou como quem chega do bar
Trouxe um litro de aguardente tão amarga de tragar
Indagou o meu passado e cheirou minha comida
Vasculhou minha gaveta me chamava de perdida
Me encontrou tão desarmada que arranhou meu coração
Mas não me entregava nada, e, assustada, eu disse não

O terceiro me chegou como quem chega do nada
Ele não me trouxe nada também nada perguntou
Mal sei como ele se chama mas entendo o que ele quer
Se deitou na minha cama e me chama de mulher
Foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não
Se instalou feito posseiro, dentro do meu coração"

(Teresinha - Chico Buarque)





Cara Teresinha,

Possui 2/3 dos seus amores. Por favor, envie-me o mapa detalhado, mas não esqueça das orientações...afinal, há muitas armadilhas no caminho.
Estou numa incessante procura pelo o que eu possa chamar de: TERCEIRO.

Com Apreço,

Marcelle.

Obs.: Aguardo isso ansiosamente!!!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Calor

Carrego comigo o caos da solidão

E a paz do pensamento

São mais de sete os meus pecados

Eu aguento esse tormento

Ganhei minha demência

E perdi minha carência

A culpa é de procurar culpados

Pra uma causa que não se detém



O que se tem além de ninguém?

Paciência?

Quero com o meu olhar ardente

Derreter nossa distância glacial

Esperando você fazer-se presente

Estendi o meu amor no varal



Agora francamente não há

Motivos pra você se atrasar...

Para Você

Respeite meus gostos, meus gestos
Minha vontade de ser e de não ser
Quero paz e não os restos
Eu quero me entorpecer de tanto ter

Não quero saber das suas vantagens
Se for como um exemplo a ser seguido
Quero viajar nas suas viagens
Como alguém que tivesse bebido

Não há motivo para você se injuriar assim
Minha vida não é um vício a mais
Não sinta piedade ou desprezo, por fim
Me deixe alimentar meu gênio ruim

Nunca fui tão imprudente
Mas a minha festa continua
Não ocupe sua mente
Com os meus devaneios pela rua

Queria agradecer à você
Mas você nada está me devendo
Só não entendo o por quê
De você continuar me vendo.

Anjo Serafim


Você veio palpitando

Na minha embarcação

E eu sempre cantando

A tua respiração

Querido Serafim,

Será o fim?